E a segunda parte do post iniciado na semana passada está no ar no Traduzindo a Dublagem! Na primeira parte, comecei a desmembrar quais são os três pilares principais que fazem um tradutor ter uma relação longa e promissora com seus clientes. Quais são eles? Recapitulando: qualidade, atendimento ao cliente e respeito aos prazos. Abordei a qualidade no post passado, e hoje abordarei os dois pilares remanescentes. Vamos lá? 😉

Atendimento ao cliente

Atender os nossos clientes vai além de entregar uma boa tradução. Para mim, o atendimento é um pacotão que envolve diversas coisas como a forma com que você trata seu cliente no dia a dia, a linguagem que você utiliza, a sua disponibilidade, as suas colocações profissionais e, não menos importante, a sua personalidade. E o que eu quero dizer com isso? Bom, verdade seja dita: não adianta você ser o melhor tradutor do mundo e ser uma pessoa difícil de lidar. Afinal, quem gosta de trabalhar com pessoas assim?

Obviamente, somos seres humanos lidando com outros seres humanos e não há como fugir disso. Entretanto, não devemos deixar o nosso lado pessoal, a nossa personalidade do dia a dia afetar o lado profissional, então se você for uma pessoa explosiva, não é ideal levar isso para os seus clientes. Na dublagem, posso garantir que essa questão de como nos relacionamos com o outro é levada a enésima potência, pois lidamos com as pessoas da produção dos estúdios, os diretores de dublagem, os dubladores e até mesmo, dependendo do caso, com os mixadores e editores também. Trata-se de um ramo muito vivo e orgânico, então manter o respeito e a disciplina é fundamental.

O fato é que, principalmente no começo de novas relações profissionais, não conhecemos as pessoas com quem vamos lidar, por isso é importante estar sempre centrado para lidar com todo tipo de gente, desde a mais simpática que manda emojis no e-mail até o diretor que passa um feedback não tão positivo. É vital também aprender a absorver as críticas sem levar para o lado pessoal. Vacilou? Aprenda com o seu erro e faça o possível para não repeti-lo e, assim, vai se construindo uma relação benéfica e de longo prazo.

Por fim, uma última observação: o cliente não é seu amiguinho de infância. Por mais que você tenha um excelente relacionamento com ele, não vacile e entenda que, acima de tudo, existe uma relação profissional com obrigações e expectativas de ambas as partes. Ah, e uma dica bônus: tentar entender todo o processo que vai além da tradução é sempre uma forma de demonstrar interesse e pró-atividade para o seu cliente. #ficaadica

Prazos

“Mas Paulo, o prazo não entra na questão do atendimento?”, talvez você esteja se perguntando. A resposta é: com certeza, mas eu acredito que o prazo é um ponto tão vital para a indústria da tradução como um todo e merece sim um pilar separado. E por quê? Mais do que nunca, é preciso entender que a tradução, em geral, é uma indústria que gera muito dinheiro e que conta com diversas engrenagens funcionando, sendo a tradução uma delas.

Existem hoje etapas muito bem definidas em todos os campos tradutórios e, logicamente, uma cadeia de prazos a cumprir por todas as partes envolvidas. Pode imaginar o cobra-cobra que é, né? No caso da dublagem, a tradução é crucial, pois nada pode ser feito sem ela, por isso, os prazos dos tradutores são extremamente importantes, pois caso ocorra um atraso, o restante da cadeia pode ficar seriamente comprometido.

Muitos me perguntam sobre como costumam ser os prazos, e a verdade é que hoje já experimentei prazos de todos os tipos possíveis. Já tive prazos maravilhosos e surreais, prazos folgados e os famosos “pra ontem”. Varia muito, pois depende do cliente que encomendou o projeto, do cronograma que o estúdio estabeleceu para as etapas e de vários outros fatores. Por ser um ramo que funciona sob demanda, não espere um mês para traduzir um longa. Você pode ter, no máximo, uma semana e olhe lá. Pode ser mais? Até pode, mas é a exceção da exceção, o certo mesmo é contar com apenas alguns dias rs.

Existe uma cadeia de prazos a cumprir

Ainda dentro desse pilar, conhecer bem a sua produtividade é um fator importante para conciliar prazos de diferentes clientes, pois sim, haverá épocas em que você vai traduzir de manhã um filme pra data tal e, à tarde, um episódio de uma série pra outra data, mas é preciso saber de quanto tempo você precisa para conseguir cumprir os prazos e não vacilar.

Por fim, mas não menos importante, temos que citar os imprevistos. Eles acontecem, é fato. Doenças, familiares que precisam de nós, acidentes físicos, enfim, tudo pode acontecer e, nessas ocasiões, um prazo pode ficar comprometido. O que fazer então? Pela minha experiência, sinto que, no que se refere a essa questão, os bons profissionais se diferenciam pela atitude que tomam diante da possível perda de um prazo. Aconteceu alguma coisa que pode comprometer a sua entrega? Avise ao cliente na hora e dê uma solução. Não deixe o cliente resolver sozinho, diga o que você pode fazer para resolver o problema. Pra quando você pode entregar? É possível mandar uma parte do arquivo na data combinada e o restante em outro dia? Mostre que você é um profissional comprometido apesar das adversidades, e eu garanto que os clientes tendem a entender essas situações imprevistas e a valorizar profissionais com esse tipo de atitude.

Espero que tenha gostado do post de hoje e, como sempre, não se esqueça de deixar o seu comentário! 😉 Um grande abraço e até o próximo post!

Paulo Noriega

Sou autor do blog Traduzindo a Dublagem e tradutor atuante nas áreas de dublagem e editorial. Amo poder compartilhar meu conhecimento a respeito do universo da dublagem e da tradução para dublagem. Seja bem-vindo a este fascinante universo!

0 comentário
Deixar comentário

Deixe um comentário