O post desta semana lançado propositalmente hoje, sábado, tem sabor de nostalgia para toda uma geração. Hoje, dia 1º de setembro de 2018, faz 24 anos que o anime Os Cavaleiros do Zodiáco (CDZ para os íntimos) estreou em nosso país. Assim como muitos outros brasileiros, acompanhei as aventuras dos cavaleiros de Atena quando pequeno e continuo acompanhando até hoje. Dessa forma, não poderia ter época melhor para falar um pouco sobre esse anime clássico que ganhou um cantinho especial no coração dos fãs por conta da dublagem brasileira. Vamos dar uma volta no tempo e relembrar um pouco desse fenômeno? Vem comigo! 😉

Vale lembrar que esse post cobrirá apenas os momentos mais importantes da trajetória de Os Cavaleiros do Zodíaco no Brasil, destacando principalmente, aspectos referentes à sua dublagem. No fim do post, há um link completíssimo do site cavzodiaco.com.br para quem quiser mais informações e recomendo que você dê uma olhada depois de terminar a leitura por aqui. Bom, sem mais delongas, vamos ao momento nostalgia. s2

Quem viveu a infância na época da extinta TV Manchete sabe da importância que Os Cavaleiros do Zodíaco teve não só pela animação em si ter sido uma febre na época entre as crianças (eu!!!), como também pela dublagem brasileira. Ouso dizer, inclusive, que após a estreia do anime, nossa versão brasileira passou a entrar numa nova fase, pois esse anime em particular começou a despertar um real interesse por parte do público para descobrir quem eram as caras das vozes dos heróis defensores da deusa Atena. Em uma época sem internet e com os canais da TV fechada sendo privilégio de poucos, as animações eram todas dubladas (e continuam sendo até hoje) e com o advento de algumas revistas como a Herói, dedicada aos animes, o interesse pela dublagem também passou a aumentar.

Quem aí lembra da revista Herói?

Vamos às informações técnicas: esse saudoso anime foi dublado no lendário estúdio paulista Gota Mágica, na época liderada por Mauro Lúcio de Freitas. O estúdio fechou suas portas há muitos anos, infelizmente, mas até hoje é lembrado com muito saudosismo. Na época, a animação foi dirigida por Gilberto Baroli, que também é o dublador do famoso cavaleiro de ouro, Saga de Gêmeos, além de ser pai de quem dá a voz ao protagonista, Seiya de Pégaso, o protagonista de CDZ: Hermes Baroli.

Além de Hermes Baroli, diversos outros talentos fizeram e ainda fazem parte do núcleo principal de protagonistas do anime até as dublagens das sagas mais recentes: Letícia Quinto, como a voz da deusa Atena; Francisco Bretas, voz de Hyoga de Cisne; Ulisses Bezerra, voz de Shun de Andrômeda; Leonardo Camillo, voz de Ikki de Fênix e Élcio Sodré, voz de Shiryu de Dragão.

Outra grande curiosidade é que Os Cavaleiros do Zodíaco, assim como muitos outros animes da época, teve sua dublagem da Gota Mágica pautada na dublagem espanhola! Sim, os episódios não foram traduzidos diretamente do japonês, como muitos pensam. 😉 No extinto estúdio, além da dublagem das três primeiras sagas do desenho, as sagas do Santuário, de Asgard e de Poseidon, houve a dublagem dos 4 primeiros longas-metragens aqui no Brasil. Inclusive um marco importante para os fãs foi o lançamento nos cinemas do longa do deus Abel, na época chamado apenas de Os Cavaleiros do Zodíaco – O Filme.

Vamos recordar um pouco da abertura desse filme que muitos têm como o melhor de CDZ? Santo Youtube que ainda guarda esses momentos inesquecíveis para nós! =)

Essa primeira grande parte da dublagem de Os Cavaleiros do Zodíaco no Brasil se deu na época da Gota Mágica entre 1994 e 1995, mas, infelizmente, o estúdio acabou fechando as portas, inaugurando uma nova fase para o anime no ilustre estúdio Álamo, também em São Paulo.

Em 2003, aconteceu a redublagem de todas as três sagas antigas, com uma qualidade muito superior de áudio e com uma padronização de diversos termos importantes, de forma a amenizar os problemas de tradução e dublagem antigos. A direção de dublagem do anime foi passada para os veteranos Wendel Bezerra e Wellington Lima. Uma assinatura permanente no campo da tradução e da adaptação do anime a partir desse novo momento é de Marcelo Del Greco, que continua até hoje como responsável pelas sagas e projetos mais recentes.

Me lembro de que foi um momento especial quando a saga do Santuário reestreou no canal fechado Cartoon Network com a nova dublagem. Foi um clima de nostalgia imenso na época e, o mais importante, é que a maioria esmagadora dos dubladores da primeira dublagem voltou para darem voz novamente aos seus respectivos personagens. Foi um respeito imenso aos fãs e que houve um grande empenho por parte de toda equipe para entregar, de fato, um trabalho de qualidade do ponto de vista da dublagem e da tradução também. Além de tudo isso, a nova dublagem nos trouxe a versão musical, agora eternizada em português da memorável “Pegasus Fantasy” na abertura do anime, cantada por Edu Falaschi, na época vocalista da banda Angra.

Damos um salto temporal para 2006, quando ocorreu o começo da dublagem da tão aguardada e inédita saga de Hades aqui no Brasil, ainda na Álamo, mas contando com os dubladores Guilherme Briggs e Miriam Ficher na Delart-Rio dando voz aos seus personagens, o espectro Radamanthys de Wyvern e Pandora, irmã do imperador Hades. A direção de dublagem ficou a cargo do grande veterano Marcelo Campos, também dublador do cavaleiro de ouro Mu de Áries. Ainda em 2006, aconteceu a dublagem do quinto filme, ainda inédito no Brasil: Os Cavaleiros do Zodíaco: o prólogo do céu. Foi o retorno de CDZ aos cinemas para a alegria de todos os fãs dos guerreiros de Atena. Fique abaixo com o trailer veiculado na época do lançamento. 😉

Com o lançamento do longa, o anime encerrou mais uma etapa em sua trajetória. Da Álamo, CDZ foi para os cuidados de outro estúdio paulista de dublagem, a Dubrasil, estúdio liderado por Zodja Pereira e Hermes Baroli, a voz de Seiya, o protagonista do desenho.

A partir deste momento, tudo desse anime tão amado que foi veiculado até os dias de hoje por aqui foi realizado nesse estúdio, como os capítulos do Inferno e dos Campos Elíseos da saga de Hades; o chamado Episódio Zero que resume os acontecimentos das sagas do Santuário, de Asgard e de Poseidon; a redublagem dos quatro primeiros filmes de CDZ, agora pautados no áudio e vídeo originais em japonês; a dublagem das duas temporadas lançadas de Os Cavaleiros do Zodíaco: The Lost Canvas; a dublagem de O Mito dos Cavaleiros Renegados; as duas temporadas de Os Cavaleiros do Zodíaco: Ômega e o filme em CG, Os Cavaleiros do Zodíaco: a Lenda do Santuário, que marcava o retorno do anime aos cinemas brasileiros. Vamos conferir o trailer lançado na época?

Não se engane achando que o fenômeno CDZ se limita apenas ao anime. Em 2015, o jogo Alma dos Soldados ganhou localização para o nosso idioma com direito a dublagem, uma grande conquista para os fãs. Até o momento, a Dubrasil continua sendo a nova casa oficial desse anime tão querido e os lançamentos futuros de CDZ, ao que tudo indica, continuarão a ter sua versão brasileira realizada lá.

Como fã dessa animação que se tornou um dos maiores ícones do gênero aqui no Brasil, acho que a dublagem de Os Cavaleiros do Zodíaco fez ao longo de tantos e tantos anos um esforço hercúleo para manter sempre boa parte dos dubladores em seus respectivos papéis. Como exemplo máximo, temos o quinteto protagonista e o a deusa Atena que, desde a época da dublagem da Gota Mágica, jamais tiveram suas vozes trocadas e isso é muito louvável. Sem sombra de dúvidas, a comunidade de fãs agradece imensamente.

Espero que tenha gostado de ter passeado comigo por essa breve retrospectiva desse anime que tem muita história pra contar aqui em nosso país e que, sem sombra de dúvida, teve e continua a ter tanto sucesso por conta da nossa versão brasileira. Um grande abraço e até o próximo post! 😉

Meu pequeno santuário de CDZ

Principal fonte de consulta:

Site Cavaleiros do Zodíaco 

 

Paulo Noriega

Sou autor do blog Traduzindo a Dublagem e tradutor atuante nas áreas de dublagem e editorial. Amo poder compartilhar meu conhecimento a respeito do universo da dublagem e da tradução para dublagem. Seja bem-vindo a este fascinante universo!

2 Comentários

Viviane

2 de setembro de 2018

Oi, Paulo, apesar de amar desenhos, não cheguei a fazer parte dos fãs do CDZ . Mas amei conhecer a história e saber do cuidado em manter os dubladores na nova versão. Excelente matéria, como sempre. Parabéns!!

    Paulo Noriega

    2 de setembro de 2018

    Obrigado, Viviane!!! =))

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