O mês de novembro se encerra com mais uma entrevista exclusiva aqui no blog! Desta vez, meu convidado especial é Guilherme Menezes, que seguiu os passos do seu tio, Mário Menezes, como tradutor para dublagem. Quer conferir nossa conversa? Então é só chegar porque ela está imperdível.
Nossa entrevista aconteceu na casa do próprio Guilherme, que me recebeu nessa última terça-feira. Foi um prazer conversar com mais um colega de profissão, que conta com diversas produções em seu portfólio como as animações Steven Universe, Hora da aventura, Zorro e Ben 10: Supremacia Alienígena. Fique com a entrevista abaixo e não se esqueça de deixar o seu comentário. Um grande abraço e até o próximo post! 😉
Paulo Noriega: “Guilherme, como você se tornou tradutor para dublagem e há quantos anos você exerce esse ofício?”
Guilherme Menezes: “Minha carreira com a dublagem começou muito cedo porque o Mário, meu tio, é tradutor desde que eu me entendo por gente. Por conta disso, não comecei propriamente traduzindo, mas muitas vezes, eu ficava revisando filmes e séries com ele. A gente revisava muita coisa junto, a gente ficava horas, horas e horas revisando séries, desenhos e filmes.
Depois se não me engano, quando eu tinha uns 14, 15 anos, provavelmente 15, ele falou que tinha uma nova série e perguntou se eu queria traduzir. Eu topei e a série era Sábados secretos. Não ficou muito bom (ri), ele teve que revisar bastante. Aí enfim, ele foi me ensinando esse ofício ao longo dos anos, entendeu? Só aos 18 anos é que meu nome começou a aparecer nos créditos das produções e acho que a primeira em que isso aconteceu foi com o Ben 10: Supremacia alienígena na Cinevídeo. Desde então, tô aí há uns quatro anos traduzindo.”
Paulo Noriega: “E pra quais estúdios você trabalha atualmente?”
Guilherme Menezes: “Comecei na Cinevideo e aí depois passei pra Delart. Eu havia começado a traduzir uma série chamada Dominium, que era do Mário, mas que passou pra mim na Cinevideo, e a Angélica Borges, uma das dubladoras da série, gostou muito da tradução e me recomendou pra Maíra e hoje estou no Beck Studios também.”
Paulo Noriega: “Bacana! E ao longo da sua carreira, quais foram seus trabalhos mais memoráveis?”
Guilherme Menezes: “Ah, com certeza, Hora de aventura! Mas tem também o Ben 10, Scooby Doo Mistério S/A e o Be cool, Scooby Doo, Clarence, Phineas e Ferb… e obviamente, o Steven Universe. Tudo bem que eu peguei a partir do episódio 70, 80, eu acho (ri). Fiz várias animações da DC também como A piada mortal, Liga da Justiça sombria e Lego: Liga da justiça. Além dos desenhos, teve as séries, né? Eu ainda não fiz muitas, mas das que eu posso falar, tem a série Ballers da HBO, a última temporada de Falling Skies e a segunda temporada de Dominium que eu já falei antes, só que a série foi cancelada (ri).”
Paulo Noriega: “E pra cinema? Já traduziu alguma coisa?”
Guilherme Menezes: “Eu comecei recentemente e foi muito por acaso. Foi assim: o Mário foi chamado pra uma reunião com o pessoal da Sony em Londres e tinha deixado o filme Invocação do mal 2 meio que parado aqui. Aí ele falou pro dono da Delart que, no caso de qualquer emergência com o filme, ele poderia falar comigo.
Numa quinta-feira, chegou um e-mail do Sérgio pro Mário e com cópia pra mim perguntando: “Cadê o Invocação do mal 2?” Eu relembrei a ele que o Mário tinha viajado e que eu podia ficar responsável pelo filme, se fosse muito emergencial. O Sérgio disse que precisaria do filme na segunda pra começar a revisão, então foi um pouquinho corrido. Filme pra cinema com aquela responsabilidade toda e tal… (ri). Felizmente, tudo deu certo, o pessoal gostou e eu traduzi recentemente A chegada da Sony que vai estrear com a Amy Adams como protagonista.”
Paulo Noriega: “Guilherme, qual é o aspecto de ser um tradutor para dublagem que mais te fascina?”
Guilherme Menezes: “É engraçado que quando eu falo que sou tradutor pra dublagem, as pessoas não entendem muito a parte da “tradução”, elas associam automaticamente a parte das vozes e tal. Quando eu explico que eu lido com a parte da tradução mesmo, as pessoas acham legal, acham interessante e no meu meio, no meu círculo de amigos, eu tento romper com o preconceito que ainda se tem com a dublagem.
A dublagem no Brasil é muito bem feita, temos bons dubladores, bons tradutores e não tem motivo pras pessoas não verem o filme dublado. Essa interação que você pode ter com as pessoas é muito legal, e de defender algo que você gosta. Eu já li que a maioria dos brasileiros vê os filmes dublados, então é uma honra porque são produtos que vão ser exibidos no país inteiro. É uma honra ter o meu nome associado a todas essas produções, sendo que é um trabalho que eu faço de casa, mas que tem um alcance incrível.”
Paulo Noriega: “E pra encerrar, Guilherme, na sua opinião, o que caracteriza uma tradução para dublagem de excelência?”
Guilherme Menezes: “Pergunta difícil, hein? (ri). Eu acho que na tradução pra dublagem, você precisa criar um texto que seja bom pros dubladores conseguirem se sentir à vontade pra manejar o seu texto. Eu não acho que você tenha que criar um texto 100% perfeito para os dubladores falarem 100% como você traduziu, acho que o objetivo é criar um texto bom, mas que também não precise ser 90% alterado na hora de gravar. Sua tradução não pode ter erros, e o máximo de esforço que você conseguir fazer para as falas caberem na boca dos personagens faz uma boa diferença também.
Obviamente que também existe o estilo do tradutor, né? Cada um tem o seu, então você tem que tentar agradar aos dubladores, mas sem abrir mão do seu estilo. Pessoalmente, dependendo do produto e da época em que ele se passa, eu prefiro fazer uma tradução mais coloquial e sem seguir 100% as regras formais do português. Existem muitas disparidades entre a linguagem escrita e a falada, então a gente tem que buscar essa oralidade, algo que não acontece com a legendagem, por exemplo. A legendagem ainda zela por uma formalidade maior, mas na dublagem, você tem que buscar essa coloquialidade. Considerando esses elementos, eu acredito que você chega a uma boa tradução.”
Margareth Vianna
25 de novembro de 2016Ótima entrevista! Sou muito fã dos Menezes pelo trabalho sério e competente que fazem.
pfcnoriega
25 de novembro de 2016Que bom que gostou, Margareth. Se é fã dos Menezes, mais pra frente vem mais novidade por aí… Aguarde! 😉
Joyce
29 de novembro de 2016Mais uma excelente entrevista, Paulo!
Nos vemos no BARCAMP, dia 10/12, aqui no Rio!
🙂
pfcnoriega
29 de novembro de 2016Que bom que gostou, Joyce!! =D Sim, eu vi que você está na lista do Barcamp de dezembro. Vai ser um prazer conhecê-la!
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