Achou que o ano fosse acabar sem uma última entrevista, né? Pode comemorar porque o penúltimo post do ano aqui no Traduzindo a Dublagem trouxe mais uma entrevista imperdível com a dupla dinâmica que está à frente da coordenação interna de um dos principais estúdios de dublagem da atualidade no Rio de Janeiro, a MG Estúdios. Quer saber mais sobre as minhas entrevistadas? Garanto que você vai adorar o nosso papo! 😉

Foi na tarde do dia 25 de outubro desse ano em que fui recebido na MG Estúdios para entrevistar Jaqueline Franklin e Sabrina Camargo, funcionárias da MG Estúdios, estúdio com o qual comecei uma parceria incrível esse ano. O estúdio atende diversos clientes como Deluxe, HBO, Globo, Netflix e Amazon e assina a dublagem de grandes sucessos. Podemos citar as primeiras cinco temporadas da série Game of Thrones e diversas produções presentes no catálogo da Netflix como todas as temporadas de Orange is the New Black, a primeira temporada de Desventuras em Série; as séries da Marvel, como O Justiceiro, Punho de Ferro, Jessica Jones, Demolidor e Os Defensores; Gilmore Girls: um ano para recordar e alguns filmes como Okja e Beasts of No Nation.

Deixo você agora com mais essa entrevista maravilhosa e não se esqueça de deixar o seu comentário, hein? Um grande abraço e até o próximo e último post do ano! 😉

Jaqueline Franklin e Sabrina Camargo

Paulo Noriega: “Jaqueline e Sabrina, muito obrigado por me receberem! Eu gostaria que vocês começassem se apresentando para os leitores do Traduzindo a Dublagem e dissessem as suas funções aqui na MG Estúdios.”

Jaqueline Franklin: “Oi, leitores do Traduzindo a Dublagem! Meu nome é Jaqueline Franklin e sou a produtora aqui do estúdio e trabalho com a parte de atendimento ao cliente, apresentação da empresa e produção geral da parte de pré-produção, no caso, a tradução das produções, a revisão dos scripts e a ordenação das gravações.”

Sabrina Camargo: “Oi, gente, meu nome é Sabrina Camargo e eu também sou da produção da MG. Eu me responsabilizo mais pela parte da pós-produção. Vejo o que está sendo gravado, quando as gravações das produções vão terminar, fico de olho nos prazos, cuido dos meninos que ficam na ilha de edição e do Henrique na mixagem, e cuido das nossas entregas.

Ah, e quando necessário, peço para os tradutores verificarem alguma fala ou criarem uma falinha rápida que ficou faltando, por exemplo. Além disso, sempre tem os retakes, né? Os famosos retakes que a gente tem que pedir para o dublador regravar alguma fala que seja necessária, então eu cuido dessa parte também.”

Paulo Noriega:  “Como vocês vieram trabalhar em um estúdio de dublagem como a MG Estúdios? Vocês se imaginavam trabalhando dentro de uma cadeia tão extensa quanto a de dublagem?”

Sabrina Camargo: “A minha formação é em publicidade, e eu sempre gostei do ritmo das agências. Acho que eu vim parar aqui por obra divina mesmo, porque sempre admirei a dublagem como telespectadora, e o máximo que cheguei perto desse mundo foi porque estudei no meu segundo grau com o Caio César, dublador do Harry Potter. Sempre consumi filmes dublados e me relacionei com aquelas vozes, mas sem saber como eram os rostos delas.

Em 2016, surgiu a vaga aqui na MG, me candidatei, me apaixonei pela dublagem ainda mais e amo muito o que eu faço. Adoro vir pra cá, gosto desse ritmo agitado, sabe? De pedir isso, de pedir aquilo, ir atrás de retake, avisar ao cliente quando os dubladores vão viajar, enfim, amo muito a minha rotina e não me imagino mais fora desse meio.”

Jaqueline Franklin: “Eu também não tenho uma formação na área audiovisual, mas sou da área de humanas e sempre gostei de trabalhar me relacionando e conversando com outras pessoas. Eu sou muito comunicativa e sempre fui muito organizada porque eu já fui secretária bilíngue e fazia a parte de atendimento também naquela época. Mesmo não sendo da área audiovisual, todas as minhas vivências e os meus conhecimentos são aplicados no que eu faço hoje em dia e amo o meu trabalho.”

Jaqueline Franklin

Paulo Noriega: “Como costuma ser um dia típico de trabalho para vocês?”

Jaqueline Franklin: “Agitado (ri). Geralmente, meu dia típico de trabalho é bem agitado. Eu chego aqui, baixo logo todos os meus e-mails, porque já que eu me responsabilizo pela parte de relacionamento e atendimento, eu preciso ficar sempre conectada. Sem falar que a gente lida com os fusos horários dos nossos clientes também. Como muitos deles são do exterior, muitas coisas acontecem lá fora quando não estamos aqui no estúdio, então a nossa antecipação aqui no Brasil é muito importante.

Quando um prazo é estabelecido, vale pelo fuso horário deles, e essa diferença entre os fusos varia, né? Por exemplo, não é incomum que me mandem e-mails de noite ou que eu receba uma mensagem urgente de cliente às nove ou às dez horas da noite. Eu sempre fico muito atenta e isso é um diferencial no meu trabalho. Eu sou rápida e certeira nas minhas perguntas e nas minhas respostas, e eu fico muito feliz de ser reconhecida por isso na minha carreira e na história que eu estou construindo.

Mas enfim, voltando, é isso, um dia típico de trabalho pra mim tem várias solicitações e muito contato com outras pessoas. Eu sempre busco dar as respostas mais completas possíveis para todas as solicitações que me fazem.”

Sabrina Camargo: “O meu dia é sempre agitado e sempre tem muita emoção (ri). Eu estou sempre em sintonia com a Jaque e a minha preocupação maior é sempre com os prazos. Os nossos prazos de entrega são extremamente importantes e, pra gente conseguir cumprir tudo certinho, exige muita organização de todos da equipe, desde a tradução até a mixagem.

Eu preciso ficar muito atenta com os projetos que estão sendo enviados, ver se está tudo ok ou se está faltando alguma falinha ou algum detalhe, por exemplo. O nosso dia é assim, sempre agitado e tem o telefone que toca e até já houve feriados em que eu e a Jaque ficamos resolvendo coisas no whatsapp (ri). A gente acaba respirando esse universo praticamente 24 horas por dia.”

Sabrina Camargo

Paulo Noriega: “Como costuma ser o recrutamento de novos tradutores? Vocês têm alguma participação nesse processo e, se sim, o que vocês mais valorizam no momento de recrutar novos profissionais?”

Jaqueline Franklin:  “Eu sou mais responsável por essa parte do que a Sabrina, Paulo. Geralmente, a gente trabalha mais com indicação. Quando eu entrei aqui, a nossa equipe tinha três tradutores e hoje ela tem oito, e já tivemos um pico de trabalhar com 20 em uma época de uma demanda muito intensa. Para quem trabalha nessa parte como eu, é muito importante você confiar nas pessoas com quem você trabalha. A tradução é um cargo de confiança, acima de tudo. A gente recebe muitos currículos de tradutores todos os dias e de vários tipos de pessoas diferentes com as mais diversas abordagens.

A verdade é que eu prefiro ter poucos tradutores, mas que sejam bons, do que ter muitos com uma qualidade mediana. Eu prefiro encher os meus tradutores de trabalho, às vezes passar 3 projetos pra um mesmo tradutor em que eu confio na qualidade dele. Obviamente, eu não consigo exclusividade, porque os tradutores trabalham pra outras casas de dublagem, mas é legal saber que eu tenho profissionais que me dão preferência. Agora, tem vezes que, por exemplo, a Sabrina me ajuda. Quando o That 70’s Show chegou aqui, eu estava de férias.”

Sabrina Camargo: “Pois é, aí eu tive que montar toda a equipe praquele projeto e era muito urgente. Eu cheguei a coordenar oito tradutores simultaneamente pra gente dar conta. Mas, realmente, a Jaque se responsabiliza mais por essa parte. O meu contato com os tradutores é mais na pós-produção mesmo, caso eu precise de alguma coisa.”

Jaqueline Franklin:  “Exatamente, eu que verifico a disponibilidade dos tradutores e tento alocar os trabalhos com base nos perfis de cada um. É muito bom você trabalhar com algo que você goste, né? Então eu tento sim passar os trabalhos sabendo os gostos de cada tradutor.”

Paulo Noriega

Paulo Noriega: “E o que vocês mais amam no trabalho de vocês?”

Sabrina Camargo: “Como eu já disse, eu gosto muito da minha rotina e da emoção no nosso dia a dia. É ver e-mail, falar com os diretores, alinhar alguma demanda com a Jaque, cuidar dos meus meninos da edição e do Henrique na mixagem porque eu gosto muito de trabalhar com eles (ri), ver o que está encaminhado, o que não está, enfim, é disso que eu gosto. Adoro essa movimentação, e a MG é um local de trabalho excelente. A gente é uma equipe e todo mundo sempre se ajuda.”

Jaqueline Franklin: “O que eu mais gosto é o ambiente, sabe? Nunca me enquadrei muito bem em ambientes corporativos. Eu gosto desse clima mais informal, um local onde eu posso me relacionar bem com as pessoas. Uma coisa que eu prezo muito são os laços que eu construí e as amizades que eu criei. Tem pessoas daqui que eu vou levar pra minha vida, eu sei disso. Eu fiz muitos amigos aqui.”

Paulo Noriega: “E pra encerrar, eu queria que vocês citassem um projeto que vocês tenham acompanhado mais de perto e que tenha marcado vocês de alguma forma.”

Jaqueline Franklin: “Olha, eu adorei trabalhar no Gilmore Girls. Eu sou muito fã, eu conheço a história e fiquei muito feliz quando esse projeto veio pra cá. Eu acompanhei a tradução, a dublagem, a revisão dos scripts, acompanhei tudo de perto! Eu senti um orgulho imenso quando foi ao ar. O meu nome não está lá, mas é muito gratificante quando vai ao ar e ver vocês, tradutores, postando foto e falando bem do projeto. A gente fica muito feliz.”

Gilmore Girls: Um ano para recordar – versão brasileira: MG Estúdios

Paulo Noriega: “E pra você, Sabrina?”

Sabrina Camargo: “Pra mim, foi o That 70’s Show porque foi um grande desafio. É uma série já antiga e eram oito temporadas. Foi um projeto muito urgente, foi tudo muito acelerado e exigiu muito planejamento da equipe pra dar tudo certo no final. Na equipe, havia de oito a dez tradutores, gravações em mais de um estúdio, mas que deu um orgulho imenso de ter participado. Apesar do nosso nome não estar ali, ver o nome MG Estúdios dá muito orgulho.”

Jaque, eu e Sabrina

 

Paulo Noriega

Sou autor do blog Traduzindo a Dublagem e tradutor atuante nas áreas de dublagem e editorial. Amo poder compartilhar meu conhecimento a respeito do universo da dublagem e da tradução para dublagem. Seja bem-vindo a este fascinante universo!

10 Comentários

Vinicius

22 de dezembro de 2017

Irado! Amo a Jaqueline!

    Paulo Noriega

    22 de dezembro de 2017

    =)

Dani Ribeiro

22 de dezembro de 2017

Essas meninas são incríveis!!! Trabalhar com elas deixa tudo mais fácil e prazeroso!

    Paulo Noriega

    22 de dezembro de 2017

    Com certeza, Dani! É muito bom trabalhar com elas! =)

Jaqueline Franklin

22 de dezembro de 2017

Querido, obrigada pelo carinho! Sou muito feliz fazendo o que faço e são momentos assim que fazem tudo valer apena. Gratidão define! Felicidade resume! <3

    Paulo Noriega

    22 de dezembro de 2017

    Jaque, fico muito feliz de ver você e a Sabrina brilhando. O trabalho de vocês é importantíssimo e somos todos uma equipe. Obrigado por me receberem e compartilharem essa vivência de vocês com os meus leitores! 😉

José Luiz Corrêa da Silva

22 de dezembro de 2017

Muito legal a entrevista e pela fala apaixonada das meninas dá até pra sentir o frisson do estúdio em um dia “típico” de trabalho. Parabéns, Paulo! E que a MG siga tendo muito sucesso e muitas histórias pra contar.

    Paulo Noriega

    28 de dezembro de 2017

    Obrigado por sempre estar por aqui, José! É um ramo muito exigente, mas que dá uma satisfação pessoal muito boa. =)

Dilma

23 de dezembro de 2017

Quando fazemos nosso trabalho com carinho, com certeza colhemos bons frutos! Parabéns para Jacqueline e Sabrina!

    Paulo Noriega

    28 de dezembro de 2017

    Com certeza, Dilma! Elas agradecem o seu carinho. =)

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