Para encerrar o mês de outubro, venho contar para você, meu querido leitor, como foi que entrei no mundo da dublagem. “Paulo, como foi o seu começo?” ou “Paulo, como foi que você virou tradutor para dublagem?” são perguntas comuns que me fazem, e eu só recentemente percebi que, mesmo nos primeiros posts do Traduzindo a Dublagem, não cheguei a contar com detalhes o começo da minha carreira. Mas antes tarde do que nunca, não é verdade? Para você que deseja saber o caminho que percorri até entrar nesse universo, o post de hoje veio responder essa dúvida de uma vez por todas. 😉

Antes de mais nada, eu devo muito à minha mãe, pois meu amor pela leitura, pela escrita, pelos idiomas, enfim, o mundo de letras, de modo geral, se deve por conta dela. Ela me incentivava muito a escrever historinhas, comprava muitos livros pra mim e, no que diz respeito aos idiomas estrangeiros, especialmente o inglês, a minha exposição a ele se deu assistindo, principalmente, aos clássicos da Disney da década de 1990 como O Rei Leão, A Pequena Sereia, Aladdin, A Bela e a Fera e fora outros clássicos mais antigos como Branca de Neve e os sete anões e Cinderela, por exemplo.

Minha mãe comprava as fitas VHS dubladas E legendadas, veja você. Foi assim que descobri a existência de outra língua além do português. Olhando para essa época tão mágica da minha infância, percebo que essa foi a sementinha que viria a despertar a minha grande paixão anos mais tarde, quando eu acabaria seguindo o caminho da profissão de tradutor profissional especializado na área de dublagem.

Quer dublagens memoráveis? Veja os clássicos Disney!

Principalmente ao longo da minha adolescência, meu gosto pela língua inglesa continuou a crescer. Me formei na Cultura Inglesa em 2007 e também passei no exame PET da faculdade de Cambridge durante essa época. Além do inglês, tive um bom contato com o francês durante a escola, mas, hoje em dia, arranho o básico, tanto que não me arrisco a traduzir diretamente do francês. Quem sabe um dia se eu retomar meus estudos? 😉

Em paralelo com a paixão por outras línguas, outro grande gosto cresceu junto comigo, alimentado pela minha infância disneyana: o amor pela dublagem em si. Mesmo numa época em que a internet não é tudo o que vemos hoje, eu lia em blogs e sites as poucas matérias que faziam com os dubladores e, graças a isso, eu já tinha uma noção básica de como era um estúdio e de como os dubladores se portavam lá dentro diante da bancada e tal.

Eu também ficava de olho quando passava alguma matéria na televisão sobre dublagem, e uma das que mais me marcou, inclusive, foi uma com o elenco do anime Digimon (que eu adorava!) exibida no Video Show, da rede Globo.  A verdade é que, dentro de mim, eu queria pertencer a esse mundo de alguma forma, mas seria apenas na faculdade de Letras onde as peças começariam a se encaixar…

Chegamos em 2010, mais precisamente no meu segundo semestre, durante o meu bacharelado em tradução na PUC-Rio, onde me formei em 2014. Ainda naquele comecinho de curso, andando pelo departamento de Letras, vi que havia um curso de extensão sendo oferecido sobre tradução para dublagem, e uma vez que essa modalidade não era contemplada na grade curricular, vi ali uma chance de aliar as minhas duas paixões. E vai saber quando o curso seria oferecido de novo?

Enfim, eu não podia deixar aquela oportunidade passar e, lá fui eu, para a primeira turma desse curso ministrado pela tradutora e dubladora, Dilma Machado, minha mentora e grande amiga que levo comigo até hoje. O resultado, ao término do curso, foi a certeza de que eu havia me achado naquele mundo, mas eu sabia que estava muito cru e precisava de mais bagagem para me aventurar no mercado, bagagem essa que as matérias do curso de Letras me dariam com o tempo.

Seguindo o túnel do tempo, chegamos em 2012. Através de um e-mail enviado pela própria Dilma para os alunos da primeira turma do curso, um estúdio do Rio de Janeiro (onde eu moro), estava precisando de tradutores para dublagem. Mesmo ainda na condição de estudante e com as minhas inseguranças, resolvi mandar o meu currículo e ver o que acontecia. Naquela época, eu já me sentia mais seguro por conta do que tinha aprendido sobre a tradução/adaptação em si, e eu ainda tinha o material do curso de tradução para dublagem com todas as minhas anotações.

No fim de junho, se não me engano, o estúdio me ligou para passar o meu primeiro trabalho que, na verdade, foi a legendagem de um longa chamado Iron Will, exibido no Telecine. No começo daquele ano de 2012, eu havia feito um curso de legendagem e meus conhecimentos ainda estavam frescos na minha cabeça, mas, o que eu realmente queria era traduzir para dublagem… e assim foi. Pouco tempo depois, no começo do mês de julho, chegou o meu segundo projeto profissional, mas o primeiro no campo da dublagem: a tradução de dez episódios de um programa chamado Searching For que, em português, ficou Em busca do Passado.

Pam Slaton: a protagonista do programa Searching For

Após a entrega dos episódios, admito que não esperava ser acionado pouco tempo depois para outro projeto, dessa vez menor: apenas três episódios de uma série médica para cobrir a tradutora principal que precisou se ausentar brevemente na época. Logo depois, para minha grande surpresa, veio o meu primeiro projeto mais conhecido, digamos assim, ao me chamarem para ser um dos principais tradutores da série Brothers and Sisters, que teve sua dublagem exibida no GNT. Inclusive, se quiser saber um pouco mais sobre a minha experiência nesse projeto e sobre o que aprendi com ele, fiz um post bem legal que você pode conferir aqui!

Pois bem, a partir do momento em que vi que estavam gostando do meu trabalho, veio o desafio de conciliar da melhor forma as minhas traduções com a faculdade, afinal, ainda faltava um tempo até eu me formar. Não foi fácil, tenho que admitir. Integrar minha carreira de freelancer aos meus estudos foi complicado, e houve épocas em que eu precisava avisar ao estúdio que eu teria de me ausentar por um tempo, principalmente nas épocas de provas e trabalhos em grupo. Para mim, essa compreensão foi fundamental e o que mais me alegrava era eu já estar inserido no mercado, mesmo antes de me formar.

Por fim, em 2014, virei filho da PUC e pude me dedicar inteiramente à minha carreira nesse universo que tanto me cativou e não cansa de me impressionar até hoje, a cada projeto e a cada desafio. De pouquinho em pouquinho, meu portfólio foi crescendo e fui conquistando cada vez mais clientes com o passar do tempo. Realizei trabalhos dos quais me orgulho muito e agradeço a todos os meus clientes e parceiros por sempre confiarem no meu trabalho.

Sou filho da PUC com muito orgulho!

No ano passado, criei o Traduzindo a Dublagem, meu principal projeto pessoal e que, para ser sincero, não imaginava que teria uma aceitação tão bacana. É graças ao seu apoio que mantenho esse espaço on-line até hoje com muito carinho, na esperança de levar o máximo de informações possíveis sobre o universo da dublagem. Desejo que o blog continue crescendo e que eu ainda possa continuar compartilhando sempre com você, leitor, tudo o que eu puder sobre esse mundo tão incrível.

De coração, espero que tenha gostado do último post do mês de outubro e já dou um aviso: prepare-se porque o mês de novembro será mais um mês temático, e sei que você vai adorar o que está por vir. Não perca, hein? Como sempre, um grande abraço e até o próximo post! 😉

Paulo Noriega

Sou autor do blog Traduzindo a Dublagem e tradutor atuante nas áreas de dublagem e editorial. Amo poder compartilhar meu conhecimento a respeito do universo da dublagem e da tradução para dublagem. Seja bem-vindo a este fascinante universo!

4 Comentários

Aline Leoncio

27 de outubro de 2017

Oi, Paulo. Também me interessei por tradução na faculdade de Letras, e hoje trabalho com legendagem e adoro, apesar das dificuldades. Fiz um curso de tradução para dublagem, mas ainda não enviei currículos para os estúdios. Obrigada por falar da sua experiência e por me lembrar do Iron Will, sempre via quando criança. 🙂

    Paulo Noriega

    1 de novembro de 2017

    Oi, Aline! Fico feliz pelo blog estar te ajudando. Fique por aqui pra sempre saber mais informações desse universo tão maravilhoso. Espero te ver trabalhando com dublagem em breve. E legal saber que você via o Iron Will quando criança! Coincidência, né? 😉

Francy Guimarães Teixeira

27 de outubro de 2017

Grata por compartilhar
Estou tentando me tornar tradutora de inglês para português
Tive um AVC há 4anos e fiquei com o lado esquerdo paralisado braço e perna esquerdos
Estou com processo judicial para aposentadoria por invalidez permanente
Adoro idiomas desde criança
Por conta própria era rata de bibliotecas.
Tenho certificado avançado de inglês de Cambridge.
Tenho espanhol avançado
Meu francês hoje serve mais para leitura e compreensão oral. Mas já foi avançado.
Sou graduada em Economia com Mestrado em Economia ambiental
Porém antes do AVC trabalhei 7 anos como gerente de relações internacionais na confederação Nacional da indústria e viajava o mundo todo planejando escolas e ações de educação profissional com apoio do Pnud.
Moro em Brasília e na melhor universidade não seria possível fazer uma pós graduação em tradução sem ter o bacharelado
Estava inscrita numa pós graduação em tradução inglês para português presencial pela Universidade Estácio de Sá com aulas vez por mês um final de semana,mas cancelaram por
falta de quórum. Talvez abram em março de 2018. Vc acha que minha experiência agregada à pós poderia me tornar uma boa profissional?
No futuro ?quando tiver muita experiência e conhecimento, como adoro cinema, quero me dedicar à legendagem e dublagem
Abraço
Francy

    Paulo Noriega

    1 de novembro de 2017

    Oi, Francy. Muito obrigado por compartilhar a sua vida aqui.

    Francy, eu acredito que toda experiência é válida. Quanto mais você estudar, uma melhor profissional você se tornará. Estude sim, porque o conhecimento é sempre válido. E depois faça cursos específicos de tradução para dublagem e para legendas para você entender bem como essas modalidades funcionam. Vai com tudo que estarei torcendo. Beijo grande!

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