Por mais particulares que sejam as modalidades tradutórias, há mais elementos que as unem do que parece, como o branding, o marketing e a imagem profissional dos tradutores. Na verdade, são questões importantes para qualquer profissional autônomo, e os tradutores, obviamente, não fogem a essa regra.
Foi pensando nisso que, para este mês de junho, trouxe uma convidada especial e especialista nessas áreas para compartilhar um pouco do seu conhecimento com os leitores do blog. Quer saber os conselhos que você, tradutor para dublagem ou tradutor de outra área, pode passar a incorporar daqui pra frente? Então você não pode perder a entrevista desta última sexta-feira de junho! 😉
Minha entrevistada do mês é Caroline Alberoni, tradutora há mais de seis anos. Tradutora nata, é mestre em Estudos da Tradução com Comunicação Intercultural pela University of Surrey (Inglaterra) e bacharel em Letras com Habilitação em Tradução pela UNESP. Responsável pela Alberoni Translations, ela traduz materiais de TI, marketing e negócios do inglês e do italiano para o português. É membro da Abrates e do Sintra. Apaixonada pelo que faz, gosta de compartilhar conteúdo interessante e útil da área em suas mídias sociais.
Aproveitei para entrevistá-la durante o VIII Congresso da Abrates, realizado em São Paulo no mês passado. Simpática como sempre, ela respondeu as perguntas que você confere logo abaixo. Ah, e não se esqueça de dar uma conferida tanto no site quanto no blog profissionais dela. O blog, inclusive, conta com um post especial sobre tradução para dublagem escrito por mim e que você pode conferir aqui! Agora sem mais delongas, deixo você com a nossa entrevista. Aproveite a leitura, um grande abraço e até o próximo post! 😉
Paulo Noriega: “Caroline, por favor, eu gostaria que você se apresentasse para os leitores do Traduzindo a Dublagem e contasse um pouco sobre a sua vivência nas áreas de branding e marketing para tradutores.”
Caroline Alberoni: “Meu nome é Caroline Alberoni. Sou tradutora das áreas de TI, marketing e negócios também. Traduzo do inglês e do italiano para o português. Tenho um blog e sou bastante ativa nas redes sociais. Tenho uma página no Facebook, tenho uma conta no Twitter, no Google +, no Pinterest, no Instagram, no LinkedIn, no YouTube… Acho que essas são todas! Espero não ter me esquecido de nenhuma. (ri)
Na verdade, no começo, eu tinha só uma conta no Twitter. Eu tinha uma conta pessoal, mas depois criei uma profissional. Foi engraçado porque, na época, os brasileiros ainda não usavam muito o Twitter. Passei a seguir algumas pessoas influentes, entre elas a Marta Stelmaszak e a Valeria Aliperta. Fui vendo o que elas faziam, e vi a importância de se ter uma imagem profissional e passar essa imagem de alguma forma.
Depois fui seguindo outras pessoas e percebendo alguns detalhes importantes, como ter uma foto profissional, um logo, um nome para o meu negócio e toda uma identidade visual por trás desse nome e dessa persona profissional.”
Paulo Noriega: “Maravilha! Vamos pra segunda pergunta: os tradutores, assim como outros profissionais autônomos, podem ter diversos pontos de contato como sites, blogs, LinkedIn, cartões de visita e até mesmo a própria assinatura de e-mail. Com o intuito de prospectar novos clientes, na sua opinião, quais são os três pontos de contato indispensáveis para o tradutor e por quê?”
Caroline Alberoni: “Acredito que o primeiríssimo de todos e o mais essencial seja o site. Você precisa ter um lugar para mandar o seu cliente ou até mesmo qualquer pessoa que busque o seu nome na internet. Seu site acaba sendo o que a gente chama de nossa casa on-line.
Em segundo lugar, acredito que seja o LinkedIn, já que ele é uma plataforma de negócios, uma plataforma profissional, né? Ele é como se fosse o seu currículo on-line, portanto, é algo indispensável também. No LinkedIn, além de postar o seu currículo de forma mais interativa, você também pode se conectar a empresas, outras pessoas da sua área, possíveis clientes, etc. Por conta disso tudo, eu o considero crucial.
Como último ponto de contato, escolho o cartão de visitas. O que sempre gosto de falar é que a gente tem que ter o nosso cartão em qualquer lugar! Tem que ter um bolinho deles no carro, na bolsa da academia, em todas as bolsas possíveis! (ri) Isso é vital porque sempre que alguém pedir o seu contato, seja quem for, você terá seu cartãozinho à mão. Não passa o seu número, sabe? Passa o seu cartão.
Mesmo que a pessoa não seja um cliente diretamente, você cria uma chance de conexão por intermédio dela. Ela pode conhecer alguém que precise de tradução, mesmo que ela própria não esteja precisando, e vai se lembrar do seu cartão. Possíveis conexões podem ser criadas a partir disso, portanto saia distribuindo o seu cartão que suas chances aumentarão! (ri)”
Paulo Noriega: “Caroline, você que tem um blog desde 2014, quais são as principais vantagens e benefícios que ele trouxe para a sua carreira?”
Caroline Alberoni: “Essa pergunta é muito importante porque muita gente discute até que ponto um blog é importante para o tradutor. A maioria dos blogs de tradução é voltada para outros tradutores. Tem gente que fala: “Peraí, você não consegue clientes com o seu blog, está escrevendo só para os colegas.” Primeiro, não acho que quem tenha um blog esteja procurando clientes diretamente, não acredito que seja o objetivo primário de se ter um blog. O objetivo é você ajudar a comunidade e ter uma opinião própria, mesmo com várias outras pessoas já tendo seus próprios blogs.
Quando comecei, obtive um retorno legal: as pessoas gostando e elogiando o que eu escrevia. Muitos elogiavam o tom da minha escrita, e esse é o diferencial. Por mais que alguém já tenha escrito sobre um tema, haverá tons diferentes para abordá-lo. Você tem uma experiência de vida e você vai expressá-la na sua escrita, entende?
Outro ponto importante é que, mesmo escrevendo para os colegas tradutores, eles também podem ser futuros clientes. Tenho muitos clientes que são alguns desses colegas tradutores, por exemplo. Eles me passam trabalho quando não podem pegar, e muitos conheci pelo meu blog ou até pelas minhas redes sociais. Tudo isso junto traz visibilidade, e essa visibilidade traz novas possibilidades. Você estando visível, alguém que te conheça pode passar o seu contato para outras pessoas, e assim as coisas vão acontecendo.
Às vezes, a gente acha que nosso trabalho na internet não está dando certo, mas tem muita gente quietinha nos observando, não é todo mundo que comenta. O importante é a sua visibilidade e o seu trabalho fazerem com que seus colegas confiem em você. Você está mostrando seu conhecimento e a sua escrita com seu blog, isso, no fim das contas, pode trazer clientes também, seja diretamente ou indiretamente.”
Paulo Noriega: “Perfeito, Caroline. Continuando: os sites profissionais, como você já disse, são de vital importância para o tradutor, mesmo com muitos tradutores brasileiros ainda não tendo um site. Em relação ao investimento financeiro para a criação de um site, qual é a sua opinião? Você acha melhor a pessoa criar um site “ok” para iniciar e depois aprimorá-lo com o tempo ou esperar mais um pouco e investir bem em um site diferencial para causar uma boa impressão logo de cara?”
Caroline Alberoni: “Olha, isso depende muito de cada um, mas sou a favor de criar um site “ok” no começo. Não é necessário esperar ter muito dinheiro pra começar a mostrar o seu trabalho. Sou a favor de fazer sempre o que estiver ao seu alcance e depois ir aprimorando, porque os sites requerem atualizações constantes, no fim das contas, não é verdade? Você acrescenta coisas, edita, exclui, etc. Portanto, sim, acho que você pode criar logo a sua presença on-line, mas é óbvio que não é pra criar qualquer coisa. Não precisa ser uma coisa magnífica, mas tem que ser certa, bonitinha. Não pode ter erros e, mesmo sendo um site simples, tem que chamar atenção pelos aspectos positivos e não pelos negativos.”
Paulo Noriega: “E por fim, a última pergunta: quais seções você considera vitais pra um site e, já puxando a sardinha pro meu lado, vitais pra um tradutor da área de dublagem?”
Caroline Alberoni: “Olha, acredito que seja importante colocar as suas qualificações específicas da área, mas apenas as principais. Filtrar é importante. Não pode se esquecer de salientar o seu par de idiomas e, se for permitido/possível, os clientes com os quais você trabalha. No entanto, é preciso pedir permissão para isso, então peça para não se queimar.
Uma seção bacana é a seção de recomendações. Eu já estou em processo de implementar essa seção no meu site e recomendações são sempre bem-vindas. Uma dica legal também é ter seu site traduzido para os idiomas com os quais você trabalha. O meu, por exemplo, tem versão em português, italiano e inglês. Para a área de dublagem, de repente, uma seção com o seu portfólio possa ser interessante, né? Com as produções que você já traduziu. Se não houver questão de confidencialidade, nem nada assim, acredito que você possa indicá-las. As produções servem como uma amostra do seu trabalho, então acho que um portfólio seria legal também para o tradutor desse ramo.”
Caroline Alberoni
3 de julho de 2017Muito obrigada pelo convite, Paulo!
É um prazer poder fazer parte do seu blog, que está ficando cada dia mais lindo! 🙂
Um grande beijo
Paulo Noriega
5 de julho de 2017Muito obrigado, Caroline. Suas palavras me emocionam muito e fiquei muito feliz por essa parceria. Muito obrigado pela disponibilidade e simpatia como sempre! =)
Viviane Andrade
5 de julho de 2017Fico admirada com a versatilidade de assuntos que você aborda no seu blog. Confesso que eu, tradutora, professora e aspirante a tradutora para dublagem, não havia pensado ainda nesta questão da imagem, site, blog, etc. Obrigada, Paulo, aprendo muito com você! E obrigada a Caroline, é claro!
Paulo Noriega
7 de julho de 2017Que bom que está gostando do que estou escrevendo aqui no blog, Viviane! Continue por aqui que ainda vai rolar muita coisa bacana! 😉 Beijo grande e obrigado pelo apoio.
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